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Arquivo mensal: outubro 2013

Clássicos do Cinema – The Gamma People/Os Monstros dos Raios Gama (1956)

Estava eu, viajando pelos canais cults da televisão paga brasileira, quando encontro este clássico do cinema de ficção: Os Monstros dos Raios Gama! Na hora, só de ver o título da obra, já me interessei pela mesma e resolvi assistir. Não demorou muito para que eu percebesse que o filme era levemente antiguinho, o que me deixou mais curioso ainda sobre o quão bom ou ruim ele seria, já que se tratava de uma obra de ficção científica aparentemente de baixo orçamento. O filme é uma produção britânica e norte-americana de ficção científica, dirigida por John Gilling e estrelada por Paul Douglas, Eva Bartok e Leslie Phillips. Lançado na década de 50, quando o fenômeno da Guerra Fria começava a ser exposto ao público, o filme obteu relativo sucesso e críticas positivas. Antes de explicar a história, devo avisar que eu peguei o filme no seu começo, porém, já tendo passado alguns minutos.

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The Gamma People com a história do repórter americano Mike Wilson e seu fotógrafo britânico, Howard Meade, que viajavam de trem pela Áustria à trabalho, quando o vagão onde estão apenas os dois, misteriosamente se separa do resto do trem e se desloca para outra direção, indo parar em uma espécie de pequeno país desconhecido, cujo nome é Moldávia. Os dois jornalistas, perdidos, são abordados por soldados que os acusam de serem espiões e decretam sua prisão. Horas depois, os dois são liberados e repentinamente tratados como convidados do país. O General que os prendeu, explica que eles estão em um país cujo governo se dá por uma espécie de reinado, e o líder quer conhecê-los em breve.

A situação fica cada vez mais estranha quando os jornalistas descobrem que não há sistema de correios nem de telefonia no país, e que em toda a cidade, há apenas um carro e ele não está disponível. Assim, os jornalistas percebem que apesar de estarem livres e sendo tratados com todas as regalias oficiais (hospedagem, alimentação, serviços básicos), eles estão sendo discretamente mantidos presos no território.

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Presenciando estranhos momentos nas ruas da Moldávia e instigados a descobrir quais são os planos do líder do país, Wiilson e Meade começam a investigar o que está acontecendo, também em busca de uma boa matéria. Wilson descobre que o líder do país é na verdade o Sr. Boronski, um cientista que anos antes, tinha sido exilado de seu país por cometer atrocidades em seus projetos científicos. No simples território da Moldávia, Boronski encontrou o que precisava para suas novas experiências científicas. Por sua genialidade, ele se tornou líder, e passou a instalar uma ditadura disfarçada no país. Prova disso é que os cidadãos tem conhecimento de que algo de errado está acontecendo, mas não tem coragem de contar aos jornalistas.

Ao descobrir que o “projeto da vez” é uma experiência com raios gama feita em jovens (que podem fazer deles gênios, quando dão certo, e monstros, quando dão errado), os dois homens lutam para juntar evidências e fugir. Com a ajuda da jovem Paula, eles juntam evidências, mas são perseguidos por Boronski e seu exército de mutantes. Após a morte de alguns humildes cidadãos, o povo de Moldávia se rebela e um conflito interno se inicia no país.

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Os efeitos especiais do filme são bem interessantes, apesar de rudimentares. Os mutantes não passam de homens maquiados, porém, isso não impede que você tenha medo deles. Há cenas em que o espectador fica realmente tenso com a aparição dessas criaturas, pela forma como se comportam. As cenas finais de conflito, também são bem divertidas e liberam certa adrenaina, tamanho é o bom trabalho nos efeitos. O elenco de The Gamma People é bastante rico e interessante. Posso destacar a bela atuação de Michael Caridia, que na época tinha 15 anos. Michael faz uma das cobaias gênios, que se tornou o braço direito de Boronski, mas que ainda vive um conflito interno sobre se está fazendo o certo ou o errado.

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The Gamma People, portanto, é um ótimo clássico de ficção científica, com uma intrigante trama de suspense e vários momentos tensos e bizarros, que conseguem expor muito bem a estranheza de estar num lugar onde tudo parece bonito e organizado, quando na verdade não está. Abordando temas de manipulação política, experiências científicas absurdas, controle da mente e censura da imprensa, o filme acaba sendo uma grande metáfora dos tempos e receios que o mundo vivia naquela época. Com um ótimo roteiro e um elenco talentoso, The Gamma People é um filme digno de se assistir por fãs de ficção científica, ainda nos tempos atuais, pois este, inclusive, proporciona mais diversão e suspense do que muito filme barato de ficção que vemos por aí hoje em dia.

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Segue abaixo o trailer do filme:

 
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Publicado por em outubro 31, 2013 em Cinema e TV

 

Análise – The Divide/O Abrigo (2011)

Filmes apocalípticos estão na moda. Isso é fato. Com eles, temos os zumbis, os vampiros e os alienígenas. Mas isso não é atoa. Convenhamos que essas são as criaturas e fenômenos mais legais de se lidar no cinema ou nas mídias em geral. Mas poucos são aqueles filmes apocalípticos que além de bons, vem seguidos de teorias da conspiração envolvendo apenas seres humanos. Esse é o caso de The Divide, filme de horror pós-apocalíptico, dirigido por Xavier Gens e escrito por Karl Mueller e Eron Sheean, e lançado em 2011 nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, o filme chega quase 2 anos depois, com o título de “O Abrigo”. A tradução, apesar de ser adequada à temática do filme, se confunde bastante com o filme Take Shelter, outro ótimo filme com a temática de apocalipse de 2011, mais ligado ao drama, que aqui no Brasil também foi traduzido para O Abrigo (e sim, a tradução também condiz com o filme neste caso). Mas vamos à história.

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A História:

O filme conta a história de pessoas que, fugindo de bolas de fogo caídas dos céus de Nova York, acabam conseguindo se refugiar em um abrigo no subsolo do prédio residencial onde moravam. Entre eles, estão um trio de jovens homens, um casal de namorados, uma mãe e sua filha e mais dois homens, entre eles, o responsável pelo local que serve de abrigo. Lá, o grupo tenta manter tanto sua sanidade quanto a sua própria estabilidade física, uma vez que estão confinados em um local sem água nem sistema sanitário, e com pouca comida. Os sobreviventes não concordam entre si sobre quem foram os responsáveis pelo suposto ataque, mas convergem para a teoria de que o que caiu do céu foram mísseis nucleares, e por isso, resolvem ficar abrigados por mais alguns dias, esperando que a nuvem de poeira radiotiva se disperse. Tudo muda a partir do momento que soldados em trajes especiais invadem o local, levam a criança, e começam a agredir os sobreviventes, resultando em um conflito que resulta na morte de três dos soldados. Após mais problemas com os estranhos soldados, a única porta de entrada e saída é soldada pelos mesmos, mantendo os sobreviventes presos por tempo indefinido. É a partir daí, que se inicia uma série de conflitos internos e degradação mental de cada um dos sobreviventes (alguns mais, outros menos).

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A primeira metade:

Para aqueles que esperam cenas explosivas relacionadas à destruição de Nova York, já aviso que não as terão, pelo menos, em grande quantidade. O filme já começa com a destruição, que dura aproximadamente uns cinco minutos até que os personagens achem o abrigo. Não há nenhuma preparação para o que está por vir, ou seja, os personagens não se constroem antes do apocalipse, mas sim, durante e após ele. A primeira metade do filme é marcada mais pela curiosidade do que está acontecendo lá fora, do que a questão da sobrevivência em si, pois é nela que estão as tais cenas de destruição e a aparição dos soldados. O que incomoda em O Abrigo, é a forma como os personagens se comportam diante de um apocalipse nuclear. Há uma certa falta de detalhes no que diz respeito às suas atitudes diante de uma situação desesperadora como aquela. Passam minutos, talvez horas, e os personagens agem como se estivessem lidando com um tiroteio na rua. Até há certos momentos de histeria e atitudes inusitadas típicas de alguém desesperado, mas isso não se constrói nem se estrutura em nenhum momento do filme. É como se o diretor estivesse ansioso para chegar logo no ponto que realmente interessa, a segunda metade do filme.

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A segunda metade:

A segunda metade, portanto, é marcada por aquilo que O Abrigo quer realmente construir: A degradação mental e física dos personagens, diante de um ambiente claustrofóbico, destrutivo e sem esperanças. É a partir deste momento que o monstro em cada um dos sobreviventes começa a aflorar. Em alguns, ele se faz de forma discreta e necessária, já em outros, ele se faz de forma exacerbada e extremamente perigosa, custando a vida e a integridade dos demais indivíduos. Basta um breve momento de traição de um dos personagens, para que alguns comecem a agir diferente, de forma mais radical e dominadora sobre os demais. É nesta metade também, que você entende o porque do filme ser classificado para maiores de dezoito anos. São cenas de tortura, assassinato, mutilação e estupro, que dominam a tela em sequências cruas e realistas. Cada personagem vai perdendo sua sanidade de uma maneira diferente. Dois deles, a perdem de tal forma que a situação dentro do Abrigo se torna um completo inferno. Para completar, a teoria de que o que teria atingido Nova York eram mísseis nucleares,se torna uma verdade, quando os alimentos e água ficam contaminados, e os personagens, aos poucos, vão começando a apresentar sintomas típicos de uma intoxicação, cuspindo sangue, perdendo cabelo e ficando mais magros.

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Illuminatis e Teorias da Conspiração:

O que mais gera “coceira” no público, é a falta de explicação, do começo ao fim do filme, para o que teria acontecido em Nova York, quem foram os responsáveis, e quem eram os soldados que agiram de forma ameaçadora aos sobreviventes. Apesar dos personagens insistirem que não é possível saber a nacionalidade dos soldados, o público mais atento consegue descobri-la em três momentos distintos, ainda na primeira metade do filme. Todos esses momentos convergem para a resposta de que os soldados são os próprios norte-americanos, já que além de falarem inglês nos rádios, e uns com os outros, a identificação de um deles, com feições asiáticas, é também de um norte-americano. Isso gera mais dúvidas ao público, afinal, por que destruir uma das maiores e mais importantes cidades dos Estados Unidos e do mundo, se os responsáveis são os próprios americanos?

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E é aí que as teorias da conspiração começam. A mais aceita e que mais faz sentido, é a de que os responsáveis pelo ataque são nada mais nada menos que os Illuminati, e o ataque a Nova York (que talvez tenha ocorrido no mundo inteiro), se resume basicamente pela prática da tão idealizada “Nova Ordem Mundial”. Essa ideia fica mais clara com as mensagens subliminares que surgem em certas cenas do filme. Uma delas, é na segunda metade do longa, quando um livro de cabeça para baixo aparece e sua capa expõe a ilustração da famosa pirâmide com um olho, com uma frase que diz “Illuminati in America”. Anteriormente, na primeira metade do filme, a uma cena em que um dos personagens, usando o traje de um dos soldados mortos, se infiltra entre os demais fora do abrigo, para achar a criança e entender o que está acontecendo. Lá, ele encontra não só a menina, como também outras crianças, com seus cabelos raspados e olhos e boca lacrados, em uma espécie de casulo militar. Tal situação, leva a crer que apenas as crianças são apanhadas, talvez para se iniciar essa provável Nova Ordem Mundial. O próprio comportamento dos soldados norte-americanos que invadem o abrigo, evidencia de que não se trata de uma equipe de resgate comum, pois suas atitudes não condizem com a situação em que estão inseridas.

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Conclusão:

Assim se faz O Abrigo (ou The Divide, como você preferir). O filme não esconde o fato de que o que pouco interessa é o apocalipse, mas sim, a construção da degradação humana diante de uma situação precária de guerra, destruição e racionamento. Apesar de não haver uma estruturação adequada dos personagens, e de seus comportamentos diante do apocalipe não serem muito realistas, o filme choca pela realidade como é tratado esse declínio da sanidade de um ser humano sem esperanças. Os personagens adoecem mentalmente de forma gradativa, até que sobrem apenas resquícios de uma personalidade que já existiu. O contexto Illuminati do apocalipse, baseado no desconhecido e no inacreditável, dá à essa trama um gostinho especial, diferente e muito interessante ao filme, quando comparado aos outros com a mesma temática. O elenco, apesar de em sua maioria desconhecido, também se adequa perfeitamente às atuações. Um dos atores que o integram, é Milo Ventimiglia, que atuou como Peter Petrelli, um dos personagens principais da incrível e infelizmente já terminada série Heroes.

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Por fim, O Abrigo é um filme altamente recomendado para aqueles que não se cansam da temática apocalíptica e para aqueles que se interessam por um bom filme de conspiração. A realidade crua e fria do que pode ocorrer com as pessoas em situações como essa, é o que dá base e “beleza” ao filme. Infelizmente, o longa não teve uma boa publicidade, e é pouco conhecido mundo afora. Aqui no Brasil, por exemplo, ele chega dois anos depois, e ainda assim, quase ninguém ouviu falar. Talvez, quem sabe, seja influência dos Illuminati!

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Segue abaixo o trailer do filme:

 
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Publicado por em outubro 31, 2013 em Cinema e TV

 

Análise – Killing Them Softly (2012)

Sem dúvidas, a primeira década desse novo milênio foi um desastre para os filmes com temática de organizações criminosas e afins. Ou a maioria deles tratavam-se de comédias de quinta categoria ou simplesmente de filmes de ação de baixo orçamento e roteiros malfeitos. Isso não é nada surpreendente. Assim como a maioria das grandes organizações criminosas (propriamente ditas) caíram, bons filmes também deixaram de ser feitos. Pois bem, para quebrar este hiato, a Plan B Studios, fundada, coordenada e mantida por Brat Pitt (isso mesmo, o galã mais duradouro do cinema), lançou Killing Them Softly, um filme norte-americano dirigido por Andrew Dominik e protagonizado pelo próprio Brad Pitt.

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Tradução Brasileira:

O meu grande problema para assistir este filme, somado à falta de pesquisa e informação, foi o fato de que me deixei levar completamente por seu título traduzido no Brasil, cujo nome foi o “O Homem da Máfia”. Não preciso nem dizer o porque de ter odiado o título, preciso? Tudo bem, vou dizer. É basicamente porque no filme não tem nada de máfia. Este nome foi dado à obra pelo simples fato de que ele atrai o grande público que há mais de uma década tanto ansia por um filme relacionado à essa temática, quando na verdade, a trama é relacionada ao crime organizado, à política e aos negócios, mas não à uma máfia daquelas que vemos em Godfather ou Goodfellas. Seria a mesma coisa que traduzir o filme Taxi Driver para o título “O Taxista da Máfia”. Quem já viu este filme (se não viu, deveria ver!), deve estar rindo de desgosto que nem eu agora. Já o título original “Killing Them Softly” é simplesmente perfeito por se encaixar exatamente na realidade do protagonista Jack Cogan, interpretado por Brad Pitt. E que realidade é esta?

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Enredo:

Bom, para começar, vamos à história. O filme começa com o planejamento e execução de um pequeno, porém lucrativo roubo há uma “Casa de Cartas”, cujos clientes são homens poderosos, sujos e armados. O roubo é realizado por três sujeitos “baixo nível”, que se deixam levar tanto pelo excesso de confiança, quanto pelo dinheiro. A ideia é roubar o local, incriminando o responsável pelos jogos, Markie Trattman, interpretado por Ray Liotta. O sujeito cometeu a burrice de realizar um assalto anos antes, ao seu próprio jogo, roubando o dinheiro de seus clientes pelo simples fato de ser hipoteticamente fácil fazer isso. E pior: Um tempo depois, aos risos, ele admitiu ter sido ele o mandante, sem maiores consequências. Anos depois, os dois assaltantes e o mandante deste novo assalto, percebem que se o repetirem, sairão ilesos, pois o principal suspeito será Trattman. Eles o fazem e levam consigo, 50 mil dólares. Porém, Trattman não é assassinado, e só leva apenas algumas porradas. Os criminosos percebem o óbvio, e sabem que o crime foi planejado por outras pessoas. Para isso, eles precisam de alguém que apague os verdadeiros mandantes e o próprio Trattman, que mesmo não sendo culpado deste crime, é o responsável pela auto-confiança dos assaltantes. E é aí que entra Jack Cogan. Um homem que apesar de frio e malvado, é bem inteligente, calculista e politicamente bem instruído. Logo no primeiro diálogo de Cogan, o título é explicado. Isso por que ele afirma que gosta de executar suas vítimas de forma leve, indireta, distante e impessoal, para evitar o incomodo de ouví-las chorar, implorar e “chamar pela mãe”, como ele diz.

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Política:

O que caracteriza a personalidade própria do filme, no que diz respeito ao enredo, é a sua relação com o contexto político dos Estados Unidos, mais particularmente em 2008, quando a crise do Governo Bush se consolidara e as novas eleições presidenciais ocorriam. Na verdade é assim que você descobre em que época e local se passa o filme, pois datas e nomes de cidades não são muito mencionados no seu decorrer. Logo nos primeiros segundos do filme nota-se essa relação, com um discurso de Obama que é ouvido nos créditos e cenas iniciais, sendo intercalado pelo título do longa. Os mais atentos irão perceber a mensagem subliminar que é criada entre as palavras de Obama e o título. Situações como essas, referentes à política, irão se repetir por todo o filme, até o seu grande final, quando Cogan diz o que realmente acha sobre política e a essência dos Estados Unidos. Esse paralelo com a política é uma grande crítica a que o filme se baseia (recessão, corrupção, guerra, mentiras …), mas são as últimas palavras de Cogan que realmente ferem como uma bala qualquer patriotismo cego ou ignorância política que o público tenha sobre os Estado Unidos.

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Peço encarecidamente que os leitores que ainda não viram o filme, não o vejam cometendo o erro de achar que se trata de um filme de ação, ou no mínimo, com assassinatos bem bolados. Na verdade, a cena mais tensa do longa, é o roubo à Casa de Cartas que ocorre no começo. Essa cena realmente me marcou, tamanha foi a realidade e planejamento. A sensação de estar lá e de que algo iria dar errado toda hora, foi tão bem planejada nesta cena, que do começo ao fim dela, minhas mãos suaram e o coração ficou acelerado. A partir disso, o que se tem na maior parte do filme, são cenas longas de diálogos (que estão mais para monólogos). É preciso ter isso em mente antes de assistir o filme (e eu não tinha), pois os diálogos, apesar de massivos, são o que realmente dão identidade e autenticidade aos personagens, assim como dão contexto ao mundo em que estão inseridos. Quanto aos assassinatos, bom, eles só ocorrem àqueles que merecem ser vítimas deles. Por isso, não esperem por grandes tiroteios, explosões e afins.

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Elenco, filmagem e trilha sonora:

As atuações estão simplesmente perfeitas. E quando digo isso, digo perfeitas mesmo, para todos os personagens e atores que os interpretam. Além de Brad Pitt e o “bom companheiro” Ray Liotta, temos Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, Richard Jenkins e o recentemente falecido James Gandolfini, mais famoso por seu papel em Os Sopranos. Todos eles cumprindo papéis que parecem cair como uma luva para às suas atuações, pois todos ficam completamente convincentes. As técnicas de filmagem do longa, também dão o que falar. Em uma das cenas entre os dois assaltantes amadores, quando um deles está drogado, há o uso de táticas de iluminação e distorção de imagem, que dão um toque experimentalista bem interessante e diferente à cena. A trilha sonora do filme é composta de apenas 3 músicas: “The Man Comes Around”, de Johnny Cash (a música que identifica Cogan), Heroin, do Velvet Underground e a clássica “Money (That’s What I Want)”, de Barrett Strong. Fora essas três grandes músicas que dão vida ao filme, há também os discursos políticos tanto de Obama, quanto de Bush e McCain, que servem como uma espécie de base sonora para o contexto político e são ouvidos mais do que as próprias músicas.

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Conclusão:

Assim é Killing Them Softly. Um filme que eu recomendo muito, se você já estava com saudades daquelas tramas muito bem feitas, características dos anos 70, 80 e 90, com organizações criminosas repletas de personagens icônicos e realistas, seus diálogos que exibem aquilo que são e pensam, sobre a vida que levam e o ambiente que os rodeia. Já se você quer um filme de ação ou um drama explosivo, sugiro que passe bem longe desse. É necessário ter um certo conhecimento tanto histórico quanto político, acerca do Governo Bush, da Guerra ao Terror, do Governo Obama, e da crise financeira dos EUA, que explodiu nos últimos anos, afetando o mundo inteiro. Isso se faz necessário, pois Killing Them Softly é basicamente uma grande crítica à forma como os Estados Unidos se governa e ela se constrói muito bem. Enfim, este filme (super mau traduzido no Brasil, pra variar), é digno de sua apreciação, se você for paciente, reflexivo e bem atento. Vale a pena assistir!

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Segue o trailer abaixo:

 
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Publicado por em outubro 28, 2013 em Cinema e TV

 

Notícias – Vaza o primeiro trailer do novo Godzilla!

O primeiro teaser trailer do novo filme do largarto gigante, vazou hoje no youtube e alegrou muita gente! O trailer mostra basicamente prédios, linhas de trem e ruas completamente destruídas, pra no final, nos dar um gostinho da forma física do monstro.

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Godzilla, pros que (incrivelmente) não conhecem, é o personagem de ficção cuja forma é basicamente a de um largarto gigante e deformado. Um dos monstro japoneses mais famosos da cultura pop, o Godzilla já foi responsável por destruir muita cidade por aí. Em 1998, estreiava seu primeiro filme americano, com efeitos especiais de última geração, que ficou mundialmente famoso e trouxe Godzilla pra cultura ocidental. No filme, o lagarto (mais especificamente, a iguana) gigante, destruía a famosa cidade de Nova York para logo depois se instalar por lá e criar seus filhotes. Porém, um habilidoso e carismático grupo de repórteres e soldados, perseguem o monstro pela cidade e investigam sua estranha capacidade de gerar filhotes sem a necessidade de fecundação com um parceiro. Isso, aliás, não é tão estranho assim, já que espécies reais de lagartos o fazem.

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O novo filme, programado para estrear mundialmente nas telonas no dia 16 de Maio de 2014, será um remake do longa de 98. Entre o elenco, estará o querido ator Bryan Cranston, famoso por seu papel em Breaking Bad e no filme Drive. Já no roteiro, estará Frank Darabon (The Walking Dead) e David Goyer (Da Vinci’s Demons).

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Felizmente, parece que o site ligadoemserie.com conseguiu pegar o trailer a tempo, e transmiti-lo em seu site. Portanto, com vocês, Godzilla 2014!

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Segue abaixo o endereço do site com o trailer ainda funcionando:

Godzilla: filme estrelado por Bryan Cranston ganha o primeiro trailer

 
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Publicado por em outubro 4, 2013 em Cinema e TV

 

Alice In Chains – Voices (Lyric Video)

“Everybody listen
Voices in my head
Everybody listen
Cause you’ll see what mine says”
 
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Publicado por em outubro 3, 2013 em Música

 

Clássicos do Cinema – The Deer Hunter (1978)

1978. Dois anos se passavam após Robert De Niro e Martin Scorcese fazerem história com Taxi Driver e provarem que são, até hoje, uma ótima dupla no cinema. Agora era a vez do menos conhecido diretor, Michael Cimino, responsabilizar De Niro pela protagonização de mais uma obra de arte do cinema, que se tornou um clássico das telonas e influenciou muitas outras obras até os dias de hoje. Estamos falando de The Deer Hunter (No Brasil, “O Franco Atirador”)!

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Produção:

O drama de guerra dirigido por Cimino teve uma origem bem complexa. Um roteiro de Louis Garfinkle e Quinn K. Redeker, chamado “The Man Who Came to Play“, contava a história de um grupo de homens que viajava para Las Vegas para jogar roleta russa, e não tinha qualquer relação com o Vietnã. Esse roteiro foi comprado pelo produtor Barry Spikings, que o levou até Cimino. O direitor, por sua vez, já vinha criando uma história sobre metalúrgicos que se encontravam fora do trabalho para se divertir fazendo coisas simples. Cimino adaptou sua história à do roteiro comprado por Spikings, e com a ajuda do escritor Deric Washburn, criou o que conhecemos hoje como The Deer Hunter. Apesar de Cimino ter alegado mais tarde que escreveu praticamente todo o roteiro final sozinho, os créditos e a premiação por melhor roteiro original, foram para os quatro escritores envolvidos.

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História:

The Deer Hunter centra na história de três personagens, Mike (Robert De Niro), Nick (Christopher Walken) e Steven (John Savage), seus amigos e familiares e o pequeno e unido povoado que convive com eles na cidade de Clayrton, no oeste da Pensilvânia. No final dos anos 60, os três americanos com ascendência russa, e seus colegas, trabalham numa metalúrgica local, e nos tempos vagos, saem para beber, caçar e festejar juntos com os demais. Com a chegada do famoso conflito entre EUA e URSS no Vietnã, os três homens decidem se alistar e lutar na guerra, imersos num sentimento quase cego de patriotismo.

O primeiro ato:

O primeiro ato do filme pode ser bastante chato para os que assistem o filme ansiosos pela ação da guerra, pois é bastante trabalhado e demora para passar. Porém, estes vários minutos iniciais sem qualquer tipo de ação, são extremamente essenciais para o filme como um todo, pois são neles em que Cimino trabalha a criação da personalidade de cada um dos personagens, suas relações de amor e amizade, seus conflitos, e todo o clima de paz e alegria que domina os tempos antes da guerra.

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Steven se casa com sua mulher Angela, e os dois dão uma maravilhosa e extremamente divertida festa para os familiares e amigos que os acompanham. Enquanto isso, Nick vive um romance com Linda (Meryl Streep), e logo após a festa de casamento, Mike leva seus amigos para uma temporada de caça nas montanhas próximas à cidade. E assim, o primeiro ato se caracteriza por um sentimento exacerbado de alegria, amizade e família, além de gerar muitas risadas.

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O segundo ato:

Até que o segundo ato chega, ignorando qualquer apresentação formal, e logo nos primeiros segundos dele, percebe-se que a guerra começou, e os três amigos estão nela. Não demora para que os tensos momentos do conflito surjam e impactem o público, com Mike no meio. Após um tempo, Mike e seus colegas são capturados e jogados em um precário cativeiro próximo ao rio, junto com Nick e Steven. É a partir daí que fica visível que os personagens já estão tomados pelo horror da guerra, e é neste momento que uma das cenas mais importantes, impactantes e influentes do filme surge: A cena da roleta-russa. Para os que não sabem, o jogo da roleta-russa consiste em armar o tambor de um revólver com geralmente uma bala e, com dois jogadores, apertar o gatilho em suas próprias cabeças, alternadamente, até que um dos dois morra primeiro.

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Este jogo sádico é aplicado pelos norte-vietnamitas aos soldados americanos e sul-vietnamitas que estão em cativeiro. Um a um, os soldados vão morrendo, até que chega a vez de Mike e Nick. Não irei contar o que acontece depois, porque obviamente irá estragar a diversão dos que ainda não assistiram. Mas o que posso dizer dessa cena, é que ela é uma das mais emocionantes do filme. A maravilhosa atuação de De Niro, John Savage e Christopher Walken, fazem o telespectador realmente sentir na pele o horror da guerra e de situações como essas.

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Não é atoa que esta cena foi motivo de inspiração para muitas obras que viriam a seguir, principalmente as relacionadas ao tema do Vietnã. Uma delas, e mais conhecida dentre o público jovem atual, é a história de Call Of Duty: Black Ops. Apesar do jogo ter recebido tantas outras influências, foi The Deer Hunter que mais inspirou os criadores. Tanto é que um dos personagens mais importantes da série Black Ops, Frank Woods, tem um visual e comportamento parecido com o de Mike.

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O terceiro ato:

A questão da roleta russa é, então, explorada no restante do filme, se repetindo mais algumas vezes em situações e locais completamente diferentes do primeiro. Após a separação dos três amigos, fica mais claro que Mike é realmente o protagonista. A partir daí, o filme centra nos acontecimentos seguintes da vida de Mike que sucedem a guerra. De volta para a sua cidade natal, já no terceiro ato, percebe-se claramente que as coisas não são mais como antes. E quando digo isso, não me refiro à cidade e seus habitantes, mas sim, à mente de Mike e seus colegas. Fica claro no comportamento tanto de Mike, quanto de Steven e Nick, que a guerra lhes concedeu mais do que traumas e ferimentos, mas também uma nova e confusa mentalidade à cerca de tudo e todos que os rodeiam. Eles se sentem estranhos e deslocados no mundo em que vivem e que faziam parte.

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Assim que Mike encontra seus colegas de novo, observa-se também a simbologia dos traumas e horrores que da guerra que cada um dos três personagens representam. Enquanto Steven sofre com o trauma de seus ferimentos que o deixam extremamente debilitado, Nick sofre com um colapso mental que o faz se desconectar completamente de suas memórias e de quem ele era, tamanho foi o seu trauma durante a guerra. Já Mike, representa o soldado que volta inteiro, pelo menos fisicamente, mas que tem que lidar com o peso de todas as tristezas e perdas que presenciou, pro resto de sua vida, não sendo mais o mesmo também. Além dos três, nota-se também o clima pesado de tensão e tristeza que rodeia todos os envolvidos com Mike, Steven e Nick. Seus amigos e familiares sofrem tanto quanto eles.

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E assim, The Deer Hunter explora todas as realidades possíveis da guerra, desde o horror contido nelas, até a dor física e mental, as perdas, o patriotismo cego, a manipulação política, a violência e as consequências morais que todos os envolvidos sofrem no final, com uma das guerras mais sangrentas e polêmicas do final do século XX.

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Curiosidades sobre o filme:

Além de Robert De Niro, John Savage, Christopher Walken e Meryl Streep, outro ator que chama bastante a atenção do público é John Cazale, aclamado por sua atuação em outros filmes como na trilogia O Poderoso Chefão. The Deer Hunter foi o último trabalho de Cazale, que estava com cancêr em estado terminal. O ator atuou já ciente de sua doença, e morreu pouco antes do término das filmagens, mas conseguiu completar sua missão no filme. Os produtores pensaram em retirar o personagem de Cazale do filme, e consequentemente, os créditos à ele, mas a atriz Meryl Streep, que na época era casada com o ator, protestou, ameaçou sua saída do filme e impediu que isto ocorresse.

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Outra informação bastante relevante, que vale a pena ressaltar, é a de que o ator Robert De Niro exigiu que na cena da roleta-russa entre ele e Cazale, no final do terceiro ato, fosse usada uma bala de verdade. De Niro o fez porque achava que isso daria uma emoção e tensão muito mais verdadeira à cena, e bom … posso afirmar que seu plano deu certíssimo!

Conclusão:

Concluindo, The Deer Hunter é uma obra de arte cinematográfica, que mais uma vez destaca Robert De Niro, e prova que tanto o ator como o cinema norte-americano, estavam em sua “era de ouro” na década de 70. Explorando a podridão, a realidade e as consequências da guerra (do Vietnã, no caso), o filme nos dá uma das mais puras concepções do que é estar em um conflito como este, e exige atenção em todos os seus atos na hora de ser assistido.

The Deer Hunter é um filme para aqueles que procuram mais um grande drama do que um grande filme de ação. Portanto, se você procura algo como uma ação explosiva do começo ao fim, garanto que este não é o seu filme. Até porque não era assim que filmes brilhantes e cativantes eram feitos antigamente (sim, esta foi uma indireta para os filmezinhos de ação de hoje em dia). A tensão das cenas contidas no longa inspiraram a criação de diversas outras obras que viriam a seguir, e que não se restringiam apenas ao cinema. Por esse e tantos outros motivos já citados, The Deer Hunter se tornou um clássico e uma influência cultural, sendo digno de atenção até os dias de hoje.

Cimino, Michael - The Deer Hunter, 1978

Segue abaixo o trailer do filme:

 
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Publicado por em outubro 3, 2013 em Cinema e TV

 

Clássicos do Cinema – Taxi Driver (1976)

Definitivamente, os anos 70 foram à era de ouro do cinema norte-americano. Diretores como Martin Scorcese, Brian De Palma, Francis Ford Coppola e Steven Spielberg, fizeram história e remoldaram a cultura norte-americana com suas obras de arte polêmicas, diferentes e impecáveis. Em 1976, Martin Scorcese lançava um de seus filmes mais importantes e polêmicos, Taxi Driver, também responsável por finalmente definir a inarrável atuação de Robert De Niro, que se tornou uma lenda no cinema não só norte-americano, mas mundial, neste quarto filme de sua carreira. Admito que fazer uma análise deste filme, não é nada fácil, e me trará um grande trabalho, pois além de ter explicar sua história, sua moral, e sua influência, ainda terei que tentar passar para vocês a essência que o filme transmite. Bom, vamos lá …

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A História:

Taxi Driver é um thriller de drama e crime, estrelando Robert De Niro e considerado um dos filmes mais importantes para a história cinematográfica dos Estados Unidos, ganhando importantes premiações e sendo indicado há várias outras. No filme, Robert De Niro é Travis Bickle, um ex-combatente da Guerra do Vietnã, que agora tenta encontrar o seu lugar na grande e agitada Nova York. Arrumando um emprego como taxista, Travis passa os meses e anos seguintes de sua vida numa completa morbidez e solidão que acompanha o seu cotidiano permanentemente. Ao tédio de sua vida, junta-se a sua natureza anti-social e sua personalidade instável.

Travis passa dias e noites dirigindo para onde seus clientes ordenarem, o que lhe dá a oportunidade de conhecer a realidade de todos os cantos da cidade e também de seus cidadãos. Essa realidade muitas vezes é contraditória, e Travis começa a criar uma concepção pessimista do mundo em que está vivendo, o que vai lhe deixando cada vez mais deprimido. Por muitas vezes, Travis fala da “sujeira” que destrói Nova York, e que precisa ser limpa, se referindo à prostituição, aos crimes, à má educação das pessoas e à corrupção dos políticos nova iorquinos.

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É no meio disso tudo que Travis conhece Betsy(Cybill Shepherd), uma voluntária da campanha do Senador Palantine(Leonard Harris). Betsy parece ser a salvação para todos os problemas que assolam Travis. A morbidez, a solidão e a depressão somem na presença dela. Mas após um segundo encontro com Betsy, Travis estraga tudo, e é partir deste momento que fica fincado em sua vida a massiva solidão que o persegue.

Ao mesmo tempo que se encontra sozinho e de volta ao seu entediante cotidiano, Travis conhece Iris (personagem que estréia a carreira de Jodie Foster), uma prostituta de apenas 12 anos, controlada e manipulada pelo cafetão Sport (Harvey Keitel) e seus comparsas. É a partir daí que se estabelece a grande confusão que domina a mente de Travis. Ao mesmo tempo em que vai se tornando um monstro, Travis ainda exercita sua bondade tentando salvar Iris da vida miserável que leva.

Confuso, deprimido e irritado, Travis decide que sua vida precisa de um propósito, de algo que o movimente, algo relevante. Tendo consultado seus colegas de táxi e comprado armas ilegais, Travis começa um grande “programa” de mudança física e mental para realizar um feito ainda desconhecido. O monstro rebelde está sendo gradrativamente criado.

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O elenco:

Como já dito, Taxi Driver marcou a imagem de De Niro como um ator impecavelmente talentoso e articulado. É de se impressionar como De Niro consegue com perfeição, capturar toda a complexidade da mente de Scorcese  e refletí-la nas emoções, comportamentos e expressões de Travis. Travis é um personagem vivo, praticamente real, e também um grande resumo da sociedade norte-americana. De Niro foi apresentado à Scorcese por Brian De Palma, que o dirigiu em Godfather II. É extremamente vísivel que o ator entregou corpo e mente para dar vida a Travis. Seja em seu porte físico, seu corte de cabelo rebelde, ou seu comportamento polêmico e contraditório. Foi com Taxi Driver que eu realmente consegui absorver toda a essência do talento de De Niro, e me tornar o enorme fã que sou dele hoje em dia.

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Jodie Foster estreia sua carreira cinematográfica em Taxi Driver, e é exatamente nesse filme que a atriz prova o tamanho de seu talento. Com apenas 12 anos de idade na época, Foster conseguiu captar a ideia de sua personagem perfeitamente, e a interpretou com clareza e excelência, apesar de ter causado polêmica justamente pela personagem que interpretava.

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Harvey Keitel também faz história no filme. Não se duvida em nenhum momento que Sport é um cafetão manipulador preocupado apenas com o dinheiro. Vale lembrar que o ator já era amigo de longa data de Martin Scorcese, conhecendo-o quando os dois eram apenas estudantes de artes e cinema na Universidade de Nova York.

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Vale lembrar que o próprio Scorcese faz uma pequena, porém não menos importante, aparição em Taxi Driver, num monólogo com Travis Bickle. Deixarei que o telespectador descubra por si só que cena é essa!

O Lado Psicológico:

Quem narra o filme é o próprio Travis. Ele nos conta da morbidez e depressão que sente. Também nos conta das decisões que toma, do que acha que está certo e errado e o que fará para mudar isso. Ele os faz por meio das cartas que escreve, para si mesmo ou para os outros, como seus pais.

Desde o começo, sabemos que o que existe é um Travis debochado, quieto, observador, determinado, e pensativo, mas é só com o decorrer do filme que vemos que todas essas características são na verdade as peças necessárias para se criar um ser instável e perigoso. De forma discreta e perspicaz, Travis analisa todos os meios e possibilidades, e se molda de acordo com o que observa.

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É inegável que para entender o que se passou na cabeça de Scorcese ao criar Travis Bickle, é preciso assistir Taxi Driver pelo menos mais de uma vez. A reação mais normal do público, ao término do filme, é estabelecer alguma conexão entre as ações positivas e negativas de Travis, criando assim um objetivo em comum para suas atitudes. Muitos falam de psicose, outros falam de depressão e até bipolaridade. Mas a verdade, é que não há qualquer conexão ou doença explícita.

Em uma certa cena do filme, quando Travis e Betsy estão tendo seu primeiro encontro, Betsy define Travis a partir do trecho de uma música do cantor Kris Kristofferson: “Ele é um profeta e um traficante. Meio verdade, meio ficção. Uma contradição”. E é exatamente isso que Travis é. Uma contradição de si mesmo. Nem Travis sabe exatamente o que ele é ou o que quer. Ele apenas está cansado da morbidez e da sujeira a qual convive. E provavelmente, o que facilita esta confusão, é o fato de que Travis faz parte dessa sujeira. Ele é uma parte da cidade, uma parte da nação norte-americana, e do que ela tem se tornado.

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Ao meu ver, Travis é nada mais nada menos do que a definição mais pura do que é ser humano. Ele não é um mocinho nem um vilão. Ele não é bom nem mal. Ele não sabe quem realmente é, ele não sabe em que acredita e muito menos sabe qual seu objetivo na vida. Ele é inconstante e indefinível. Destrutivo e construtivo. E diante de toda a sujeira que a humanidade cria e acumula, Travis se cansa, se rebela, e pouco liga se suas ações resultarão num bem maior. Ele apenas age.

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Polêmicas:

Parece que todas, senão quase todas as grandes obras de arte do entretenimento estão fadadas à gerar polêmicas, justamente porque abordam assuntos importantes e igualmente polêmicos. Com Taxi Driver não é diferente. As primeiras polêmicas do filme e também as duas únicas paralelas ao seu lançamento nos cinemas são, em primeiro lugar, a da violência nas cenas finais, o que na época gerou um grande choque para o público norte-americano, dificultando até mesmo sua classificação indicativa. A segunda foi basicamente o fato de Jodie Foster, na época com apenas 12 anos, interpretar uma prostituta, que dialogava e se comportava de forma completamente contraditória para uma criança, o que também gerou um choque.

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A terceira polêmica, e talvez a maior delas, veio surgir anos depois. Em 1981, cinco anos após o lançamento de Taxi Driver, um homem chamado John Hinckley, Jr., tentou assassinar o na época Presidente Ronald Reagan. Os tiros acertaram três pessoas mais o presidente, que teve o pulmão perfurado, mas como sabemos, ele não morreu. Entre as motivações de Hinckley está sua obsessão pela atriz Jodie Foster (ele cometeu o crime para impressioná-la), e, obviamente, o filme Taxi Driver, que inspirou o homem.

Assim como Travis Bickle, Hinckley era confuso e depressivo, tomava remédios e comprou armas. Por pouco mais de um ano, ele treinou sua mira e arquitetou seu plano. Até mesmo o corte de cabelo moicano de Travis, foi copiado por Hinckley. O sujeito alegou ser inocente e ter problemas mentais, não sendo preso, mas sim, internado e mantido sobre vigilância em um hospital psiquiátrico até os dias de hoje. A história até rendeu um filme.

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Conclusão e considerações finais:

Só para vocês terem ideia, Taxi Driver quase chegou a ir para os videogames. O game, que já estava em fase de produção e possuía até alguns vídeos mostrando sua jogabilidade, se passaria após o final do filme, e poderia muito bem competir com GTA. No enredo, Betsy seria assassinada por uma organização criminosa de Nova York, e Travis iria atrás de todos os responsáveis, para matá-los. O Travis Bickle virtual seria inclusive dublado pelo próprio Robert De Niro. Infelizmente, a empresa responsável pela produção do jogo faliu um ano antes de seu lançamento, e o jogo foi “arquivado”. Aqui está um vídeo que mostra como ele seria:

Para concluir, Taxi Driver é uma obra de arte que influenciou e retratou com precisão à sociedade americana da época. Vale lembrar que o filme não é para aqueles que querem ver ação, explosões, tiroteios e afins. As cenas de “ação” ocorrem apenas no final, e grande parte do filme serve para explicar e montar todo o progresso psicológico de Travis que o levou a este final surpreendente. O filme todo, aliás, é surpreendente, e o que prende a nossa atenção é essa complexidade mental de Travis e a impecável atuação de Robert De Niro na criação de sua loucura. Para captar a essência deste grandioso filme, é necessário assistí-lo mais de uma vez. Se você é fã de um bom cinema e ainda não assistiu o filme, eu não recomendo que você assista. Eu ORDENO que você assista!

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Bom espero, que vocês tenham gostado da análise. Me extendi bastante nas palavras, mas acho que não havia outra forma… Espero que tenham gostado! Fiquem com o trailer do filme aqui:

“The taxi driver is looking for a target …”

 
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Publicado por em outubro 2, 2013 em Cinema e TV

 

Análise – Killing Season (2013)

Você se depara com um filme com esse nome, “Killing Season” e a capa com as lendas Robert De Niro e John Travolta, armados e com cara de mal. Interessado no que viu, você procura pelo trailer no youtube, e é aí que você realmente fica excitado. Um punhado de cenas explosivas mostrando um combate mortal entre os dois no meio das florestas do sudeste dos Estados Unidos. As apostas estão lançadas. Quem vai vencer nessa briga? Quem vai dar mais porradas? Robert De Niro ainda tem fôlego pra lutar como antes?

São essas ideias e perguntas que moldam Killing Season, filme de ação independente escrito por Mark Steven Johnson e dirigido por Evan Daugherty. Muita gente especializada em cinema, ao ouvir o nome “Mark Steven Johnson”, já se preocupa com o roteiro do filme. Isso por que o escritor é responsável pelo roteiro de Elektra, considerado um dos piores (senão o pior) filme de super heróis da atualidade, e também o primeiro Motoqueiro Fantasma, que apesar de infinitamente melhor que Elektra, ainda foi considerado fraco. Mark também escreveu o roteiro do segundo Motoqueiro Fantasma, e devo dizer que aí sim ele acertou na mosca. Mas será que ele estaria pronto para lidar com duas das maiores lendas do cinema norte-americano? Infelizmente, a resposta parece ser que não, pelo menos ainda não.

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Antes de explicar o porque, vamos à história. Killing Season conta a história de Benjamin Ford (Robert De Niro), um veterano da Guerra da Bósnia, que nunca mais foi o mesmo. Rodeado de memórias horríveis dos tempos de guerra, Benjamin se “refugiou” no interior das florestas da Geórgia, nos Estados Unidos, onde vive sozinho com sua culpa, numa pequena e rústica cabana. Um dos últimos feitos terríveis de Benjamin na guerra, como soldado da OTAN, foi executar Emil Kovač (John Travolta), um soldado, do terrível grupo Scorpion, que realizava massacres étnicos na guerra. Mas adivinhem só?! Emil ficou por muitos anos debilitado, mas não morreu. Agora, 18 anos depois, Emil parte para os Estados Unidos em busca de vingança, e Benjamin se torna a caça. Porém, como Benjamin é Robert De Niro, a caça acaba se tornando o caçador. E como Emil é John Travolta, o caçador vira a caça, mas também volta a ser o caçador. E é nesse jogo violento de inversão de papéis, que a “temporada de caça” se inicia.

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O primeiro confronto se caracteriza pelo desespero de Benjamin ao descobrir que o até então simpático sérvio, é na verdade o seu inimigo, que décadas atrás ele fuzilou. Além disso, o filme impacta (de leve) pela violência com a qual os dois são capturados e torturados. Portanto, a violência no filme é moderada, agradável e até divertida. O primeiro a ser torturado é Benjamin, e eu vou te dizer meu amigo … Esse é o primeiro filme que eu vejo Robert De Niro realmente sofrer e gemer de dor, o que me impactou bastante, porque como um fã fanático do mesmo, sempre estive acostumado com personagens malucos e durões, mas nunca sofridos de De Niro. Mas, em um ato surpreendente de agilidade, Benjamin se salva e logo inverte os papéis. Vem a vez de Travolta sofrer, e sofre mesmo. Mas assim, como Benjamin, ele não fica na defensiva, e logo inverte os papéis de novo. E assim o filme vai levando o espectador ate o seu inevitável final.

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A atuação de De Niro não está ruim, muito pelo contrário, está maravilhosa. O comportamento de Benjamin é bastante realista e condiz com a situação a qual ele está imerso. Porém, é notável que não estamos vendo em Killing Season, uma atuação digna de um Taxi Driver, Godfather II ou Goodfellas. Já Travolta, também se esforça (com sucesso) para manter uma ótima atuação, o que não é muito dificil, já que ele tem facilidade para fazer papéis de vilões ou anti-heróis, assim como De Niro. Porém, Travolta tem que lidar com o fato de que seu personagem é um sérvio com sotaque.

As cenas de combate prometem muito mais no trailer do que realmente são no filme. O que você vê no trailer é o que tem no filme, e nada mais. Por mais que a atuação de ambos seja razoavelmente boa e aceitável, as reviravoltas não são impactantes como deviam. Você vê De Niro atuando bem, mas sente que ele poderia fazer algo a mais. Você vê Travolta atuando excelentemente, mas as vezes o personagem parece ser bipolar, pois muda emocionalmente de forma extremamente brusca, o que não define direito a sua personalidade. Os diálogos iniciais são excelentes e indicam que uma grande história está por vir, mas ao longo dela, eles se enfraquecem, até que então, parecem se perder também.

O começo do filme, o primeiro ato, é realmente bem feito. Antes de Benjamin conhecer Emil, várias “cenas silenciosas” surgem, e são impecavelmente bem feitas. Surge o primeiro e o segundo diálogo entre os protagonistas, e você continua gostando. Mas o filme vai se perdendo aos poucos, De Niro vai se tornando mais um personagem secundário do que um protagonista em si. Talvez esta tenha sido a solução dos produtores para o ator que não realiza mais as mesmas acrobacias de antes, mas com certeza poderiam ter inventado algo melhor do que transformá-lo mais em caça do que caçador. E o final, por mais que seja compreensível e aceitável, não convence também.

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Concluindo, Killing Season é um filme que gera expectativa mas que não cumpre com a proposta que apresentou. Mark criou uma ótima história, com personagens e ambientes interessantes, mas não soube o que fazer com tudo depois, e não deu ao público o que ele realmente desejava ver: Um verdadeiro combate, com direito à grandes tiroteios e lutas entre as duas lendas do cinema. Porém, posso ressaltar alguns pontos positivos. A mensagem passada no final foi a grande sacada do filme. A guerra não traz orgulho, mas sim, apenas tristeza, e nada mais. E se buscamos vingança, só prolongamos a nossa dor. Um filme de ação norte-americano dar uma mensagem como essa, já é algo digno de pontos positivos. O outro ponto positivo de Killing Season, é que o filme provou que Robert De Niro ainda está super na ativa, mesmo não sendo o jovem De Niro de antes. A única luta verdadeira entre ele e John Travolta no filme, é realmente impressionante, pois De Niro está com 70 e poucos anos, mas ainda consegue realizar grandes movimentos de socos, chutes e defesa.

No final das contas, Killing Season é um filme que diverte, e muito, ainda mais pra quem é fã dos dois atores, mas não entrega o que propõe, e com certeza não vai ficar na memória do público por muito tempo. Quem sabe, assim como em Motoqueiro Fantasma, Mark não acerta na mosca com um Killing Season 2 …

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Segue o trailer do filme, abaixo:

 
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Publicado por em outubro 2, 2013 em Cinema e TV

 

Análise – Os Últimos Dias (2013)

Não vou mentir pra vocês. Até um certo tempo atrás, eu não conseguia assistir filmes, séries ou quaisquer programas de tv cujo áudio fosse em espanhol. Não acredito que seja preconceito, foi apenas um mal costume que adquiri depois de ser apresentado a todas aquelas novelinhas adolescentes, mexicanas e espanholas, horríveis que a gente vê até hoje nos canais abertos e infantis. Mas comecei a perceber que se quisesse realmente apreciar a arte do cinema, sem se importar com suas origens ou nacionalidades, eu teria que mudar meu costume. Comecei com a série Sr. Ávila, recentemente estreada no Canal HBO, que não me agradou, não por ser em espanhol, claro, mas por simplesmente não ser o que eu esperava. Mas isso fica pra outra análise …

Até que enfim, procurando por bons filmes para assistir, dei de cara com o longa Os Últimos Dias, filme espanhol lançado no final de março desse ano nos cinemas europeus, e que até agora não deu as caras para o Brasil, ao que parece. Após assistir o filme em seu áudio original e legendado, posso afirmar que simplesmente me surpreendi(positivamente) com tudo ou quase tudo, que o filme ofereceu. Acredito que finalmente perdi meu preconceito medo.

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Por falar em medo, vamos às informações básicas. Os Últimos Dias é um filme espanhol de ficção pós-apocalíptica, escrito e dirigido pelos irmãos Alex e David Pastor. No filme, após uma série de erupções vulcânicas ocorrerem próximas da Espanha, alguns cidadãos começam a apresentar um estranho medo de sair de casa, fazendo com que criem grandes estoques e permaneçam abrigados. Logo, este estranho surto, apelidado de O Pânico pelas autoridades espanholas, começa a se espalhar por todo o mundo como uma infecção, que toma conta da grande maioria da população mundial. A situação torna-se potencialmente preocupante quando descobre-se que se aqueles que possuem o Pânico tiverem contato com a área externa das ruas, irão ter uma estranha convulsão seguida de morte. Não demora para que o número de mortos se potencialize e a ordem mundial entre em colapso. Aqueles que ficam “doentes”, mas sobrevivem, passam a viver dentro de prédios e casas, e também abaixo do chão, em túneis, metrôs e esgotos.

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É nesse cenário apocalíptico, construído ao longo de meses, que está Marc, um jovem programador que acabou se abrigando na empresa onde trabalhava, junto com outras dezenas de pessoas. Marc não consegue ignorar sua aflição pelo que pode ter acontecido com sua namorada Julia, com quem morava meses atrás. Até que um certo dia, ele descobre nas mãos de seu ex-chefe Enrique, o instrumento que precisava para ir em busca de sua namorada: um GPS funcionando. Feito um acordo entre Marc e Enrique, os dois deixam a empresa e partem em busca de Julia.

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O primeiro pensamento que vem à cabeça com o filme, é que trata-se de um daqueles filmes independentes de baixo orçamento que só tem o pôster bonito e que criará todas as desculpas possíveis para evitar efeitos especiais e cenários bem construídos. Porém, por incrível que pareça, este não é o caso de Os Últimos Dias. Tudo bem que não veremos muitas cenas de explosão e destruição neste filme, mas ao longo do tempo, somos apresentados tanto à cenários de destruição bem feitos, quanto ao visual dos personagens, ricos em detalhes, deixando claro que não se trata de um filme qualquer tentando fazer dinheiro. Ou você acha que uma Barcelona incendiada e destruída ao horizonte, e ainda uma luta entre os protagonistas e um urso, não custou caro?!

Outra característica positiva que vemos no longa, é a ótima e crível atuação de Quim Gutiérrez, José Coronado e Marta Etura, que dão vida respectivamente, aos personagens principais Marc, Enrique e Julia. Até mesmo os figurantes se saem bem neste filme. Em nenhum momento duvidamos do que está acontecendo e da reação dos personagens ao que acontece. O ótimo elenco permite que o público consiga realmente imergir na história e entrar no clima do filme.

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O filme é intercalado entre o começo do apocalipse e o presente pós-apocalíptico. As cenas do “começo do fim”, servem apenas para explicar um pouco melhor a relação entre Julia e Marc e como o surto começou. Aliás, por falar em relação, é a relação de Marc e Enrique que é realmente trabalhada no filme. Quem diria que o funcionário atrasado e o chefe resmungão precisariam um do outro para sobreviver ao apocalipse? Pois é exatamente isso mesmo que acontece, e de uma forma séria. A relação entre os dois se inicia com ameaças e apertos de mão, que logo evoluem para um companheirismo, porém, cercado de suspeitas e interesses próprios. Essa evolução no companheirismo, contudo, se dá de forma tão gradativa e realista, que o telespectador acaba duvidando se vai acabar bem ou mal. Porém, de uma forma bastante gradual, uma amizade acaba surgindo, e os dois esquecem seus problemas passados para se tornar uma dupla mortal para todos aqueles que tentarem impedir sua viagem.

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Várias questões importantes da natureza humana são abordadas no longa, como a força que um ser humano passa a ter quando é guiado pelo amor e o companheirismo, e as relações inusitadas que podem ser criadas num ambiente apocalíptico. Além disso, a ideia do medo de sair pra rua, é na verdade um paralelo entre a ficção do filme e uma metáfora relacionada aos tempos que vivemos hoje, com violência, guerras, correria e estresse. Vale lembrar que em nenhum momento o filme dá a certeza de que se trata de uma infecção real ou uma fobia coletiva (a única certeza que se tem é que isso gerou o colapso da humanidade). Isso tudo é posto à prova no final do filme, em uma cena que lembra muito a ideia do filme Fim dos Tempos de 2008, com M. Night Shyamalan na produção e direção. Porém, Os Últimos Dias vai mais além, e apresenta cenas finais que representam uma grande metáfora para o que o mundo pode se tornar positivamente, se educarmos a próxima geração de filhos de forma prudente e consciente.

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No final das contas, Os Últimos Dias é um filme que realmente consegue surpreender a todos, mesmo numa época em que os filmes de fim de mundo já estão extremamente saturados. Tal façanha só pôde ser possível graças ao ótimo elenco, os cenários e visuais ricos em detalhes, as tensas situações pelas quais os personagens passam durante o filme, e também uma ideia diferente de um apocalipse. Ou você já viu algum filme em que o fim do mundo começa com pessoas temendo sair de casa do nada?

Vale muito à pena assistir e a atenção ao assistir é essencial, pois o filme aborda muito mais do que um simples apocalipse. O problema é que, mesmo já tendo estreado há 6 meses, pouco se ouve falar dele e de sua estréia em outros continentes. Nem mesmo uma página decente no wikipédia ele possui ainda, e eu mesmo só consegui descobri-lo por pura obra do acaso. Talvez isso seja a causa de uma má publicidade, quem sabe … Mas ainda assim, o esforço de procurá-lo para assistir vale muito à pena e aqueles que são fãs de temas pós-apocalípticos, sobrevivência e um bom filme de ficção, não irão se decepcionar!

Segue abaixo o trailer do filme:

 
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Publicado por em outubro 1, 2013 em Cinema e TV