Post Natalino – Coisas que você talvez não saiba sobre o Natal, Papai Noel e Jesus Cristo

Você sabe quando surgiu o Natal, por que os cristãos comemoram o nascimento de Jesus nesta época e de onde surgiu o Papai Noel? Se suas respostas foram, respectivamente, “por causa do nascimento de Jesus”, “por que ele nasceu nesta data” e “ele surgiu para impulsionar o capitalismo durante o século XX”, acredite amigo, você errou muito feio. Vamos começar falando desta data comemorativa que reúne tanta comilança, presentes e parentes num mesmo ambiente.

O Natal

Orginalmente, o Natal nada tem haver com Jesus, Papai Noel, e muito menos com o Cristianismo. O Natal era um festival feito com objetivo de comemorar o Solstício de Inverno, um fenômeno astronômico onde a noite dura mais tempo do que qualquer outro dia no ano, marcando também o início do Inverno, e que geralmente ocorre por volta da data de 22 de Dezembro no Hemisfério Norte e 21 de Junho no Hemisfério Sul. Desde mais ou menos 7 mil anos antes do Nascimento de Jesus, povos de todas as origens (Babilônios, persas, egípcios, gregos, romanos), usavam-na para homenagear o deus Sol (isso mesmo, a estrela que nos aquece e ilumina até os dias de hoje) e todas as ideias de nascimento, morte e renascimento que este trazia, com os dias e noites.

Ou seja, tratava-se de uma comemoração destinada ao Sol, onde questões que hoje atribuímos à Jesus Cristo, já eram comemoradas naquela época e atribuídas à diversos outros deuses e entidades divinas representantes do Sol. Uma delas, a mais conhecida, era o deus persa Mitra, que representava a luz. Não só os persas, mas também os romanos, comemoravam seu nascimento nesta data, com um festival que ficou conhecido como o Festival do Sol Invictu. Já os nórdicos, por sua vez, comemoravam o solstício com um festival chamado de Yule, e assim por diante.

Jesus entra em cena

Com o nascimento e a morte de Jesus, esta data de Solstício de Inverno foi sendo gradativamente (e quando eu digo gradativamente, é grativamente mesmo), atribuída à ele. Primeiramente, todo mundo que tenha um pingo de interesse sobre esta figura religiosa que é Jesus Cristo e a respectiva data de comemoração do Natal, já deve ter descoberto que ele não nasceu nesta data. Na verdade, ninguém tem uma mínima ideia de quando Jesus tenha nascido.

Comemorar o nascimento de Jesus em Dezembro, pode não passar de uma provável mistura de “cálculos divinos” com estratégias para atribuir seu nascimento à comemoração e festa. Não entendeu? Então vamos lá. Durante o século III depois de Cristo, estudiosos cristãos fizeram enormes e complexas contas baseadas em textos bíblicos para determinar o seu nascimento. A partir destes estudos, muitos deles acreditaram que o mundo devia ter sido criado em um dia correspondente à 25 de março, e atribuíram esta data à concepção de Jesus Cristo. Ou seja, 9 meses depois (a gravidez de Maria), Jesus Cristo nasceria justamente no dia 25 do mês de Dezembro. Soma-se isso, à ideia de que a Igreja achou perfeito juntar a comemoração do nascimento e renascimento do Messias, com as já conhecidas festividades desta época do ano.

Enfim, para a grande maioria dos que estudam ou já estudaram o Jesus histórico, sejam eles cristãos ou não, sabe-se que Jesus não nasceu nesta data. Alguns acreditam inclusive que houve uma má interpretação dos textos bíblicos, e que por isso, tenhamos errado de data não só em relação ao dia e mês de nascimento de Jesus, mas também o ano, década e talvez até século em que ele tenha nascido. Isso mesmo, caros amigos. A humanidade conta os anos de forma errada há mais de dois milênios.

E então o Papai Noel

Sim, ele existiu. E não, ele não é obra do Capitalismo feroz dos países centrais durante o século XX. Então você já pode parar com aquele papinho de que Papai Noel é uma mentira capitalista que serve para manipular as pessoas desde suas infâncias e acostumá-las ao consumismo exagerado. O verdadeiro Papai Noel, era um arcebispo chamado Nicolau Taumaturgo, residente da cidade de Mira, na Ásia Menor (hoje a Turquia), que viveu entre o século III e IV. Durante o Império Diocleciano, Nicolau recusou-se a negar sua fé em Jesus Cristo, e por isso ficou encarcerado durante anos. Com a ascensão do poder romano de Constantino, Nicolau foi libertado, mas dessa vez se viu obrigado por suas ideologias religiosas e sua moral, a enfrentar a própria Igreja e toda aquela questão da manipulação que ela trazia.

Não se sabe exatamente quais são as verdadeiras e as falsas histórias atribuídas à Nicolau Taumaturgo, mas acredita-se que se tratava de um homem extremamente caridoso e atencioso com os pobres, principalmente crianças carentes, mendigos e famílias miseráveis. Por conta disso, vários milagres foram atribuídos à Nicolau, que após sua morte se tornou oficialmente santo pela Igreja, passando a ser conhecido como São Nicolau. Uma das histórias mais famosas de São Nicolau, é que durante parte de sua vida, carregando um saco com moedas de ouro, ele se dedicou à distribuí-las não só entre os pobres e desabrigados, mas também as deixando nas chaminés das cabanas da cidade de Mira.

Sua história e seus milagres foram ficando cada vez mais conhecidos e se espalharam por todo o mundo, até que na Alemanha, passou-se a atribuir São Nicolau ao Natal, e tal costume também se espalhou pelo mundo. Mais tarde, com a ascensão do capitalismo norte-americano e canadense, durante o século XX, empresas multinacionais resolveram usar a figura do já lendário São Nicolau em suas propagandas, criando o seu próprio Papai Noel. Daí nasceu a figura do Papai Noel velhinho, branco, barbudo e gordinho, residente do Pólo Norte e vestindo roupas vermelhas, brancas e pretas (uma óbvia menção à Coca-Cola, que liderou a criação desta imagem). Aí sim, Papai Noel começou a ser sinônimo de gastança, consumismo e capitalismo. Contudo, a figura de São Nicolau é ainda muito predominante em vários cantos do mundo durante estas comemorações natalinas, sobretudo na Europa Oriental (Rússia, Alemanha, Turquia, etc …), sendo inclusive o santo padroeiro de várias causas.

Concluindo, você pode muito bem perceber que não é preciso ser religioso ou capitalista para comemorar o Natal. Com um breve estudo e um conhecimento bem básico acerca da história, você já tem motivos suficientes para comemorá-lo com seus amigos e familiares. Pode parecer clichê, mas é verdade que, acima de qualquer menção à Jesus Cristo, São Nicolau ou Papai Noel, o Natal é essencialmente uma data que envolve uma simples comemoração ao ciclo da vida, ao ciclo do Universo e à essência do que há de melhor na humanidade: O amor, a solidariedade, a paz, a união e a amizade. Precisa de mais motivos para comemorá-lo?

E então? Você compartilha desta ideia e/ou opinião? Não? Nos deixe saber!